Praça do Ginásio São Francisco - CMD (MG). Foto: Francisco Ferreira.
Micro Contos de 28/7/17 - Palavra do dia: BOBINA
I
Na velha padaria, recém saídos da infância, comiam o pão que o diabo
amassou. Mas, apesar de tudo, eram felizes. Atrás das bobinas do famoso papel
de pão, que já serviu de pergaminho para cartas de suicídio, despedida e de
amor, escreviam, com a dona do negócio, a palavra homem, em suas biografias.
II
Durante trinta anos, chegava à repartição pontualmente às oito horas,
retirava e repunha a bobina na velha máquina de escrever, pendurava seu paletó
na cadeira e ia fiscalizar a natureza. Era tão inútil que só notaram sua falta,
quando o odor vindo do depósito ficou insuportável.
III
Quando sentiu que lhe escorria o último fio da vida, tateou em vão, à
procura a manivela, que lhe permitisse esticar só mais um bocadinho aquela
linha, mas a bobina já estava em mãos do Criador. Então sorriu e renasceu
estrela.
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