Flores de Ipê. Foto: Francisco Ferreira.
Microcontos de 3/4/17 – Palavra do dia: VELEIRO
I
Embarcou no último instante e agarrou-se ao convés. Enjoada de tanta
água e de ser jogada contra os mastros, resistiu à tormenta e aportou da viagem
que pareceu durar séculos. Mal o caminhão de mudanças parou e o veleiro
estabilizou-se na garrafa, a formiga tratou de escapar por um buraco da rolha.
II
A marinha do mundo todo está em choque com as últimas notícias. Nove
veleiros encontrados à deriva, sem os mastros principais e nem sinal dos
tripulantes e passageiros. Numa ilhota desabitada do Atlântico, à guisa de
mesa, Posseidon, Zeus e Hades jogam porrinha valendo carne fresca de marinheiros.
III
Sua vida era veleiro ancorado, desde que ela o deixara. Balouçava ao sabor das marés mas não se movia, preso ao cais e ao passado.
−Dez anos. – pensou. Era hora de mudar, ela não voltaria mais.
Decidiu que tomaria novo rumo. Fazer-se ao mar. Com um caco de vidro cortou os pulsos e as amarras.
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