Morcega. Foto: Francisco Ferreira.
Micro contos de 13/4/17 – Palavra do dia: FLAUTA
I
Jonestown, novembro de 1978, o reverendo Jim Jones exorta seus fiéis:
− A hora do resgate está chegando. Estão ouvindo? É a harpa dos anjos
que está nos chamando.
Seus seguidores bebem do suco de uvas batizado, enquanto o diabo, feliz,
toca acordes fúnebres numa flauta de osso.
II
Demoníacos Flautistas de Hamelin modernos não usam mais a flauta. Hoje
são as redes sócias que hipnotizam as crianças e prendem-nas na caverna
hedionda da pedofilia.
III
Quando Midas preteriu sua flauta em
favor da de Pã, Apolo demonstrando todo seu sarcasmo, deu-lhe um belo par de
orelhas de burro, como vingança ao seu mau juízo. Em Brasília tem crescido o
culto a Apolo, sobretudo entre os integrantes da famigerada lista de Fachin.
IV
Era mágica sua flauta. Nos primeiros acordes as feras se deitavam aos
seus pés. Assim ganhava a vida no circo. Encantado pela bela bailarina, esposa do
mágico enciumado, não o viu enchendo com algodão as orelhas do tigre. Naquela
noite a flauta ensanguentada caída no picadeiro foi o que restou.
V
Pã fez sua flauta Siringe de bambus e também foram os bambus que
contaram ao mundo o segredo de Midas e suas orelhas de asno. Sabendo disso
aquela velha raposa do Planalto ordenou ao capataz que cortasse, queimasse e
salgasse as raízes de todos os bambuzais de sua fazenda. Tinha muitos segredos.
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