Mariposa. Foto: Francisco Ferreira.
Micro Contos de 29/4/17 – Palavra do dia:
I
Ouviu calado os gritos de “ladrão!”, levou chutes e socos dos
seguranças. Foi jogado no carro da polícia sob os aplausos de multidão
vingativa e insana. Entre os rostos raivosos, o do sujeito do carro importado,
que embriagado, atropelara e lhe roubara o pai que punha na mesa o pão que ele
roubou.
II
Ao considerá-lo culpado, o juiz arrematou a sentença dizendo:
−Condeno o réu, aqui presente a este Tribunal à pena máxima, não apenas
pelo crime de pedofilia, mas pela bestialidade hedionda de ser ladrão de
inocências, sonhos, futuros e vida. Sem direito a apelação.
Diga Não!
III
Desolado, pensava: “Se o ladrão de Bagdá, a irmã do Conde d’Eu e
Leonardo da Vinci, porque será que ela sonega?”
IV
Considerava um absurdo o que fizeram com ele. Ser demitido do cargo de
coveiro e acusado de ladrão de túmulos quando tudo o que fez, foi por amor
aquelas pobres almas. Um injustiçado, isto sim. Por toda a vida ouvira que era
dos pobres o reino dos céus, daí as aliviava de joias e dentes de ouro.
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