quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Microcontos (110 a 114/2017)


Morcega. Foto: Francisco Ferreira.

Micro contos de 13/4/17 – Palavra do dia: FLAUTA



I

Jonestown, novembro de 1978, o reverendo Jim Jones exorta seus fiéis:

− A hora do resgate está chegando. Estão ouvindo? É a harpa dos anjos que está nos chamando.

Seus seguidores bebem do suco de uvas batizado, enquanto o diabo, feliz, toca acordes fúnebres numa flauta de osso.



II

Demoníacos Flautistas de Hamelin modernos não usam mais a flauta. Hoje são as redes sócias que hipnotizam as crianças e prendem-nas na caverna hedionda da pedofilia.



III

Quando Midas preteriu sua flauta em favor da de Pã, Apolo demonstrando todo seu sarcasmo, deu-lhe um belo par de orelhas de burro, como vingança ao seu mau juízo. Em Brasília tem crescido o culto a Apolo, sobretudo entre os integrantes da famigerada lista de Fachin.



IV

Era mágica sua flauta. Nos primeiros acordes as feras se deitavam aos seus pés. Assim ganhava a vida no circo. Encantado pela bela bailarina, esposa do mágico enciumado, não o viu enchendo com algodão as orelhas do tigre. Naquela noite a flauta ensanguentada caída no picadeiro foi o que restou.



V

Pã fez sua flauta Siringe de bambus e também foram os bambus que contaram ao mundo o segredo de Midas e suas orelhas de asno. Sabendo disso aquela velha raposa do Planalto ordenou ao capataz que cortasse, queimasse e salgasse as raízes de todos os bambuzais de sua fazenda. Tinha muitos segredos.




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