quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Microcontos (160 a 163/2017)


Mariposa. Foto: Francisco Ferreira.

Micro Contos de 29/4/17 – Palavra do dia:



I

Ouviu calado os gritos de “ladrão!”, levou chutes e socos dos seguranças. Foi jogado no carro da polícia sob os aplausos de multidão vingativa e insana. Entre os rostos raivosos, o do sujeito do carro importado, que embriagado, atropelara e lhe roubara o pai que punha na mesa o pão que ele roubou.



II

Ao considerá-lo culpado, o juiz arrematou a sentença dizendo:

−Condeno o réu, aqui presente a este Tribunal à pena máxima, não apenas pelo crime de pedofilia, mas pela bestialidade hedionda de ser ladrão de inocências, sonhos, futuros e vida. Sem direito a apelação.

Diga Não!



III

Desolado, pensava: “Se o ladrão de Bagdá, a irmã do Conde d’Eu e Leonardo da Vinci, porque será que ela sonega?”



IV

Considerava um absurdo o que fizeram com ele. Ser demitido do cargo de coveiro e acusado de ladrão de túmulos quando tudo o que fez, foi por amor aquelas pobres almas. Um injustiçado, isto sim. Por toda a vida ouvira que era dos pobres o reino dos céus, daí as aliviava de joias e dentes de ouro.




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